Além de formadora, a avaliação deve ser formativa.
Qualquer estratégia de avaliação deve favorecer o ensino, otimizar a aprendizagem e avaliar o ensino e a aprendizagem.
Estas são 3 funções associadas, por exemplo, a instrumentos de avaliação pedagógica em contextos de elearning, como os mapas conceptuais ou os e-portefólios, e devem ser postas em prática em qualquer momento avaliativo, seja qual for o instrumento ou estratégia a usar.
Princípios inerentes a boas práticas de avaliação em contextos digitais
Um princípio teórico fundamental para na avaliação em elearning é o de
avaliação alternativa digital:
um conjunto das propostas de avaliação, onde o desenho, a execução e o feedback são mediados pelas tecnologias. Assumimos que estamos em presença de uma avaliação (…) norteada por uma perspetiva behaviorista, tecnicista, desenhada com base em objetivos, já que o conceito de competência exige uma nova atitude, em concordância com a cultura da avaliação referida. Releva-se, neste ponto a necessidade de o estudante realizar tarefas em que impera uma construção pessoal, uma elaboração ou efetive uma outra atividade não limitada à escolha de uma opção já formatada. Este princípio aplica-se quer à avaliação sumativa quer à avaliação com caráter formativo, ou avaliação formadora. (Pereira et al., 2015, p. 16)
Importa ainda clarificar outros termos recorrentemente associados à avaliação online que para podermos problematizar as características, potencialidades e limitações da ferramenta / estratégia digital do caso em análise.
A avaliação em contexto digital deverá ser
- Autêntica
- Significativa
- Interativa e colaborativa
- Autorreguladora
- Diversificada
Avaliação autêntica
Realista, contextualizada, que respeita o contexto em que os alunos se inserem.
Avaliação significativa
Integrar novos conceitos em conceitos pré-existentes (pontos de ancoragem), para se “valerem do aprendido na transformação da própria realidade” (Souza & Boruchovitch, 2010, p. 800)
Avaliação interativa
Conter interação com o professor, cujo papel é o de organizador, motivador, desencadeador de reflexão, assistente na resolução de problemas e dúvidas, de interveniente estratégico, e não se reduz à função de avaliador. Por isso, o feedback torna-se um instrumento essencial para intervir, sintetizar, responder a questões, andaimar a aprendizagem, controlar a adequabilidade e o trajeto das contribuições, avaliar e fomentar a reflexão.
A interação também se faz com a própria ferramenta digital / media, que deverá ser o meio facilitador de aprendizagem
Os alunos, inseridos em uma comunidade / ecossistema de aprendizagem deverão interagir entre eles, incentivando a partilha e colaboração e avaliação por pares.
Avaliação autorreguladora
Dar aos alunos uma referência clara e comum que lhes permita monitorizar, adequar e melhorar as suas aprendizagens e desenvolver competências.
Avaliação diversificada
Concretiza-se ao nível das informações, das aprendizagens, de procedimentos, das ferramentas, da tipologia de atividades ou tarefas, dos instrumentos de avaliação, dos media, entre outros, conferindo dinâmica, eficácia, qualidade e credibilidade.
Esta diversidade irá ao encontro da própria diversidade dos intervenientes, com as suas características, contextos, preferências, objetivos também eles diferenciados. Segundo Cruz, Araújo, Pereira e Martins, o processo de ensino e aprendizagem pode e deve ser visto como “um sistema democrático ao promover práticas que tenham em consideração a heterogeneidade dos vários intervenientes numa orientação prospetiva”, procurando-se “orientar e motivar a continuação de um processo de construção de conhecimento, gradualmente mais autónomo, através da utilização de estratégias diversificadas.” (2010, p. 10)
Essa diversidade contribui para um maior envolvimento e interesse por parte dos alunos, tal como é defendido por Vonderwell, Liang e Alderman, que afirmam que “a variety of assessment methods and strategies can increase student interest and engagement in discussions. Assessment criteria need to include student engagement in the process of assessment for learning.” (2007, p. 323).
Referências
Cruz, C., Araújo, I., Pereira, L., & Martins, M. de L. (2010). Uma abordagem da avaliação online no ensino superior: e-portfolios em rede social. Revista EduSer, 2(2), 3–27. http://hdl.handle.net/10198/3959
Pereira, A., Oliveira, I., Tinoca, L., Pinto, M., & Amante, L. (2015). Desafios da avaliação digital no ensino superior. In Handle.net. Universidade Aberta. LE@D. https://doi.org/978-972-674-766-6
Souza, N. A. de, & Boruchovitch, E. (2010). Mapas conceituais e avaliação formativa: tecendo aproximações. Educação e Pesquisa, 36(3), 795–810. https://doi.org/10.1590/s1517-97022010000300010
Vonderwell, S., Liang, X., & Alderman, K. (2007). Asynchronous discussions and assessment in online learning. Journal of Research on Technology in Education, 39(3), 309–328. https://eric.ed.gov/?id=EJ768879