Limitações da rubrica usada

A utilização da rubrica em causa tem várias potencialidades, como já foi referido. No entanto, na nossa perspetiva peca por se destinar claramente ao professor, podendo não ser facilmente aplicada pelos alunos. Apesar da sua linguagem relativamente simples, nem todos os alunos conseguirão autorregular-se nos parâmetros Grammar ou Vocabulary.

“If the students are unable to comprehend the categories and or sub-categories contained in the rubric they will not be able to use it in any meaningful way to improve their writing abilities.” (Brooks, 2012)

Genérica e generalista

Em segundo lugar, embora seja uma rubrica analítica para avaliação de produção escrita em ESL, é uma rubrica genérica ou generalista. Nada de muito concreto a relaciona à atividade a que foi associada. Menciona o título, connectors e linking words, como foi pedido. Mas poderia avaliar várias tipologias de texto: jornalístico, pedido, comentário, anectdote, carta ou texto argumentativo, por exemplo.

“General rubrics highlight the basic knowledge and skills that students need to acquire to accomplish certain learning outcomes. Hence, general rubrics help students acquire knowledge and skills that will be useful in solving many similar tasks.” (Chowdhury, 2018)

No que concerne a adaptabilidade, uma rubrica eficaz não pode ou não deve ser generalista ao ponto de poder ser usada em qualquer tarefa, atividade ou trabalho. Esta rubrica deveria avaliar a situação específica, que seria neste caso a notícia, o texto jornalístico, os títulos e a pesquisa de informação relacionada.

Poderia ter-se optado por uma rubrica “task-specific”. “In these rubrics, detailed characteristics of each dimension are given for a specific task; thus, scoring student performance with a task-specific rubric is more reliable and faster.” (Chowdhury, 2018)

Contudo, como ressalva Chowdhury, normalmente rubricas deste tipo não são partilhadas com os alunos, por se destinarem à avaliação da execução.

Mais uma vez, esta situação poderia ter sido evitada com a participação dos alunos na construção deste instrumento de avaliação. Até porque a atividade avaliada associa várias competências, como se vê pelas orientações práticas para a execução da atividade avaliativa.

“The solution to this problem goes beyond just teaching students how to read the rubric. As they are stakeholders in the writing and assessment process the most effective rubric is one that has been “created with (the) students and reflects their values, goals, and language” (Turley & Gallagher, 2008, p.90). While this can also take up time it is an essential part of the process of using rubrics in the classroom as it is the only way to ensure that both the students and the teacher understand the nature of the assessment and it ensures a solution that links together the concerns of the various “stakeholders” in the assessment process.” (Brooks, 2012)

Focada no produto, não no processo

Enquanto ferramenta de avaliação ao serviço do professor, a rubrica em análise é demasiado estrutural, pensada para o funcionamento da língua e menos para critérios de execução e performance. Ou seja, através desta rubrica, o professor terá facilidade em avaliar o produto final dos alunos, em função da aplicação do modelo, da gramática, do vocabulário e do conteúdo.

O que é visível é uma primazia do produto em detrimento do processo.

Alunos: no centro da aprendizagem, excluídos da avaliação?

Para que os alunos fossem capazes de autorregular-se ou de avaliar os seus pares, esta rubrica teria que ser reformulada em função dos alunos, que não têm as competências pedagógicas e algumas skills que só um professor possui.

Mais do que reformulada, a rubrica deveria ser co-criada com os alunos. Desta forma seria possível ouvir as opiniões e sugestões de quem está no centro da aprendizagem e, em conjunto, selecionar critérios adequados a avaliar. Não só o produto, mas, sobretudo, o processo.

Mesmo que se continuasse a optar por não realizar avaliação por pares, certamente que estes ajustes permitiriam uma melhor autorregulação das aprendizagens.

O que terá originado estas limitações no instrumento de avaliação utilizado? E essas limitações são suficientes para desprezarmos este instrumento de avaliação? Com que cultura avaliativa se alinha mais? A do teste ou a da avaliação?

No caso em análise, esta rubrica é adequada ou não?

Referências

Brooks, G. (2012). Assessment and academic writing: A look at the use of rubrics in the second language writing classroom. Humanities Review17. https://www.researchgate.net/publication/324217649_Assessment_and_academic_writing_A_look_at_the_use_of_rubrics_in_the_second_language_writing_classroom

Chowdhury, F. (2018). Application of rubrics in the classroom: A vital tool for improvement in assessment, feedback and learning. International Education Studies12(1), 61. https://doi.org/10.5539/ies.v12n1p61